Secretaria de Cultura discute criação de Orquestra Sinfônica
O primeiro passo para Uberlândia ter a sua Orquestra Sinfônica aconteceu nesta sexta-feira (26) com a vinda à cidade do maestro paulistano Joaquim do Espírito Santo. Ele conheceu os espaços musicais e se reuniu com artistas e representantes da Administração municipal para analisar as características e as potencialidades de Uberlândia para ter o conjunto musical.
Com a formação da Orquestra, a cidade terá dois grupos musicais municipais, já que continuarão normalmente as atividades da Banda, criada em 1951 e que hoje conta com 65 músicos. O projeto também é um dos compromissos do prefeito Gilmar Machado de valorizar os artistas e criar o Conservatório da Orquestra Sinfônica. “Trouxemos uma pessoa experiente para ajudar a discutir caminhos e experiências. Nossa intenção é construir politicas públicas através do diálogo”, comentou Gilberto Neves, secretário municipal de Cultura.
Em sua chegada à Casa da Banda, Joaquim do Espírito Santo conversou de forma descontraída com os músicos que ensaiavam. Em seguida, adquiriu um tom austero ao falar sobre a música. Garantiu que no Brasil existem poucas apresentações eruditas e de boa qualidade e que a iniciativa de Uberlândia ter uma Orquestra Sinfônica é de grande importância. “O processo precisa ser bem feito, com calma. Não se constroi um prédio em cima de dúvidas de engenharia, pois ele desaba. O mesmo é com a música, é preciso ter a convicção de fazermos a coisa certa e ter um rumo traçado”, disse.
Durante a manhã, o maestro visitou ainda o Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli onde teve conhecimento dos trabalhos realizados. À tarde, durante uma reunião na Oficina Cultural, profissionais ligados à música erudita debateram sobre as possibilidades da criação da Orquestra Sinfônica Municipal. Várias questões fundamentaram a discussão nessa primeira etapa, entre elas a avaliação do sistema em que a Orquestra estaria ligada, sendo por uma fundação ou ao próprio Executivo municipal. Além dessas relações jurídicas e trabalhistas para a formação e absorção de músicos, também foram sugeridas como fundamentais uma educação continuada para os músicos da orquestra e maneiras de mensurar os investimentos, como por exemplo, a aquisição de instrumentos e equipamentos.
Os músicos que participaram do encontro, em geral, veem com bons olhos esse primeiro passo da Prefeitura, que é inédito, na criação da Orquestra. A diretora do Conservatório Estadual, Mirtes Guimarães, observou que esse projeto é um modo de colocar um ponto de chegada, de realização profissional às pessoas que ingressam na música. “O jovem precisa ter essa perspectiva”, salientou.
Responsável por intermediar a vinda do maestro a Uberlândia, o tenor Marcos de Freitas avaliou que muitos músicos da cidade vão para outros centros e orquestras, pois não encontram cenário no município. “É preciso dar valor a quem merece. Temos muitos músicos de qualidade. Por isso precisamos abrir mais espaços.”
Diante da complexidade de se formar uma orquestra, o maestro prefere não se prender a datas, pois envolve critérios legais, seleção de músicos, ensaios e o som produzido, considerado a principal característica do grupo. “Cada orquestra tem o seu tipo de som. Não são todos iguais e isso surge com o tempo”, afirmou.
Orquestra x Banda
Segundo o maestro da Banda Municipal, Ricardo Santos Carrijo, banda e orquestra têm características distintas. Em uma orquestra existe a predominância de instrumentos com cordas e as apresentações são em grande auditórios, com mais de cem músicos e geralmente com repertório erudito. Já as bandas possuem exigências mais flexíveis quanto a espaço e repertório. “As bandas são mais conhecidas por se apresentarem em ocasiões mais populares”, falou.
Joaquim do Espírito Santo
Joaquim do Espírito Santo é natural de São Paulo e iniciou sua trajetória artística com 12 anos de idade. Realizou recitais de piano no Brasil, Estados Unidos, Canadá, América Central e África. Como maestro, participou de concertos com a Orquestra Camerata Atheneum (SP), Camerata de Curitiba (PR), Orquestra Sinfônica de Concertos (SP), Orquestra Sinfônica do Paraná (OSINPA), Orquestra Sinfônica da USP e Orquestra Sinfônica Estadual de São Paulo.
Teve participação especial em missão cultural na África em 1979 e participou do corpo de professores dos festivais de Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Campos do Jordão (SP), Jaraguá do Sul (SC) e Salvador (BA). De seus trabalhos fonográficos destacam-se os CDs “Noite Feliz”, “O Lied”, “Ride the Chariot”, “Black Roots” e “Clássicos da Adoração”.
Atualmente, é diretor artístico da Cooperativa de Músicos Independentes, maestro titular da Philharmonia Concertante e associado da Orquestra Filarmônica Afro-Brasileira.
Marden Rangel e Fillipe Alves
Secretaria de Cultura
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