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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

ESPECIAL CARNAVAL

ESPECIAL CARNAVAL

Bloco Aparu leva para a avenida um pouco da história das Copas


            Cantar, dançar e falar de futebol em ritmo de samba. Esta é a proposta do Bloco Aparu, que conta com foliões de várias formas, pessoas com e sem deficiência. O grupo da Associação dos Paraplégicos de Uberlândia (Aparu) tem história no carnaval de rua. Já emocionou e encantou jurados, público e os próprios integrantes.
            A trajetória dos desfiles começou em 2003 com enredos variados. Neste ano, os carnavalescos optaram por falar de uma paixão nacional, o futebol, afinal, segundo os integrantes do bloco, a Copa vai ser em casa. O enredo já diz tudo: “Brasil, País das Copas rumo ao hexa”.
            O grupo da Aparu será o segundo a desfilar no domingo, dia 02 de março. Na Passarela do Samba haverá 100 integrantes divididos nas alas: comissão de frente, porta estandarte, animação, bateria e vai quem quer. As alegorias são bem diversificadas, predominando as cores do Brasil.
            Na avenida, o bloco vai contar um pouco da trajetória de algumas Copas e vitórias do Brasil. As passagens e conquistas dos cinco títulos e a expectativa rumo ao hexa, além de países por onde a seleção brasileira passou como Chile, México, Suécia e Estados Unidos. Os componentes do bloco estão animados e querem mostrar muito samba no pé, em quatro rodas, do jeito que puder.
            O bloco terá três destaques que fazem parte da história da inclusão social da Aparu. Clayton Barbosa Martins, 46 anos, Clodoaldo Massardi, 43 anos, e Walliton Fernandes Silva, 32 anos. Três cadeirantes que desde o princípio participam da folia. Cada um tem uma história de vida diferente, mas todos são unânimes em dizer que a pessoa com deficiência não pode, nem deve ser segregada. “Participamos de tudo, lutamos por essa inclusão no todo. A cultura, a alegria do carnaval nos contagia e o nosso samba só muda de lugar, ao invés de ser no pé, é nos braços, no coração, na vida”, disse Walliton.
            Márcio Tonni, 30 anos, é outro membro do bloco que não vê a hora de sambar e defender o estandarte da Aparu. Ele é deficiente de membro superior, mas disse que a passarela do samba vai ser pequena para tanto talento. Ele é passista e já está com toda a coreografia, letra do enredo e o coração preparadíssimos. “É com muito orgulho que iremos acompanhar cada detalhe do samba enredo e transformar o asfalto em uma passarela de sonhos e magia. Dançar para mim é viver e se estamos vivos devemos festejar”, disse.
            Durante toda a trajetória dos carnvais em Uberlândia, o bloco da Inclusão Social já conquistou o título de campeão por três vezes. Para este ano, a presidente da entidade, Maria Divina da Costa, está animada e espera mais um título. No carnaval do ano passado, ficou em segundo lugar. Os puxadores do samba enredo, Bruno, Tilica, David e Vandinho estão com as gargantas preparadas e prometem levantar as arquibancadas. “Nesta semana todo mundo vai dormir mais cedo, não tomar gelado e resguardar bem o “gogó” porque o Bloco da Inclusão Social da Aparu vai passar e com o grito da torcida: Brasil rumo ao Hexa”, destacou Tilica.

Voltando ao passado

            Nos anos de 1991 e 1992 um grupo de associados da Aparu participou dos desfiles das agremiações em uma ala da Escola de Samba Última Hora. A ideia da criação de um bloco carnavalesco surgiu em 2003, durante um encontro entre os associados Domingos Henrique, João Batista e Walliton Fernandes. Segundo eles, a intenção era promover a inclusão das pessoas com deficiência e difundir os trabalhos da entidade na avenida do samba.
            Empolgados com a iniciativa, outros associados aderiram ao projeto e fizeram o maior esforço para transformar tudo em realidade. Imbuídos dessa vontade coletiva o grupo foi para a avenida. De acordo com a presidente Maria Divina, o resultado foi positivo e aí criaram o nome Bloco Inclusão Social da Aparu. “Conseguimos alcançar bons resultados. Entre eles, possibilitar a participação das pessoas com deficiência física na grande festa popular que é o carnaval”, disse.
            Mesmo com tantas conquistas, a diretoria da Aparu tem consciência de que o preconceito e a discriminação contra a pessoa com deficiência ainda existe e na maioria das vezes, devido à falta de informações. “Além disso, outro fator é que a grande parte não se dá a chance de conhecer e aprender. Muitas vezes isso atrapalha o próprio desenvolvimento”, ressaltou Divina. Por isso, o Bloco da Aparu deixa claro que o papel que o folião faz na avenida é informar, que com recursos e condições adequadas todos podem ser felizes e se divertirem, independente de possuírem ou não algum tipo de deficiência visível. Exemplificando, a presidente da instituição destacou que toda deficiência se torna invisível perante a explosão contagiante da alegria.
            Agora, com tantos anos de carnaval, os membros do Bloco Inclusão Social sentem que o nome faz jus à Associação dos Paraplégicos de Uberlândia como um projeto bem-sucedido que traz orgulho a todos. “Aqui não fazemos distinção entre os componentes e a regra é única: difundir a alegria. Essa liberdade tem feito a diferença na avenida, conquistando títulos e mais apreciadores a cada ano”, frisou Walliton Fernandes.


Cássia Bomfim
Cultura

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