JORGECORUJA: REPORTAGEM ESPECIAL

REPORTAGEM ESPECIAL

Crescer Conviver atende mais de 5,5 mil idosos em Uberlândia

Equipamentos contribuem para o envelhecimento saudável e desenvolvimento de autonomias e sociabilidades

O crescimento da expectativa de vida da população tem ditado novas políticas públicas, com enfoque nas pessoas acima dos 60 anos. A expectativa no Brasil hoje atinge a média de 73,9 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os idosos representam mais de 7% dos brasileiros (14,7 milhões), e esse número deve chegar a quatro vezes mais em 40 anos. Sentir-se ativo e preparado para eliminar os problemas físicos e psicológicos inerentes à idade são alguns dos objetivos dos trabalhos realizados com idosos pela Prefeitura de Uberlândia.

A Rede Crescer Conviver (antigo CEAI), ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Trabalho (Sedest), dispõe de quatro unidades direcionadas exclusivamente ao atendimento de idosos (aproximadamente 5.500 usuários, de todas as classes sociais). Nesses espaços são oferecidas atividades recreativas, educacionais e esportivas. São mais de 15 ocupações gerais e outras aplicadas de acordo com a estrutura de cada equipamento. Os participantes podem escolher entre as modalidades de dança de rua, dança de salão, balé, capoeira, alongamento, musculação, hidroginástica, fisioterapia, teatro, coral, artesanato, alfabetização, jazz e informática.

Há 13 anos, Maria Conceição Albuquerque de Morais, 69 anos, frequenta o Conviver do bairro Laranjeiras. Duas vezes por semana ela vai à unidade para fazer aulas de coral, teatro e informática. A modernidade não espantou Maria Conceição. Na verdade, ela encontrou um jeito de ingressar nesse novo mundo da tecnologia: além de navegar na internet, abriu conta de e-mail e avalia todos os documentos que recebe na caixa de entrada.

O Crescer Conviver representa para Maria Conceição algo muito maior do que um equipamento social. “Estar aqui é gostar de viver. As atividades nos dão prazer. Fazemos amigos. Meus filhos, todos casados, me incentivam a vir e, quando fazemos apresentações, eles vêm assistir e fotografar”, comenta.

O acolhimento dos coordenadores e professores, assim como o dos colegas, forma uma atmosfera que lembra a Ermila Paes de Santana Santos, 71 anos, algo bem próximo da casa dela. “É uma família. Encontramos paz, amor, saúde, companheiros. Isso completa a gente, pois tudo que queremos, encontramos aqui”, diz.

As duas são, agora, poetisas. Têm na satisfação em escrever a constatação de que realmente vivem na melhor idade. Maria Conceição já teve, inclusive, suas poesias publicadas em um livro organizado por uma editora. A veia poética de Ermila Santana aparece até numa carta em que fala sobre o Crescer Conviver. “Aqui, se você está triste, aparece alguém para lhe consolar; se está doente, acha alguém que lhe dê remédio; se está chorando, acha alguém que lhe faça sorrir. Não é pra isso que família serve?!”, escreveu.

A meta do Conviver é exatamente se aproximar como família. De acordo com a chefe de Proteção Básica/Idoso, Eloiza Barbosa Zanatta, muitas pessoas que hoje frequentam as unidades do Crescer Conviver tinham medo de ficar ociosas. Ao ingressarem na rede, passaram a sentir que o melhor da vida é o momento em que estão hoje. “Os equipamentos permitem a socialização, criam uma dinâmica em relação à vida. Aqui eles têm acesso a atividades com as quais não teriam condições de arcar de maneira particular”, explicou.

Professora de Alfabetização, Patrícia Andrea da Silva vê de perto as mudanças na condição de seus alunos. O contato com o aprendizado traz mais vida para os idosos. “Rejuvenesce. Essa é a palavra! Alguns chegam envergonhados, mas quando aprendem qualquer coisa nova, aquilo se torna tudo para eles... eleva a autoestima”, destaca.

Carnaval Conviver

Para as festividades de Carnaval, a Sedest preparou uma programação variada e que vai reunir os usuários dos quatro equipamentos da Rede Crescer Conviver. Nos dias 27 e 28 de fevereiro, das 13h às 18h, a rua em frente à portaria do Conviver Laranjeiras será fechada para o “Carnaforró”. Como a maioria gosta do ritmo de forró, a primeira parte do evento será como um baile. A segunda será repleta de marchinhas e sambas antigos, numa festa regada a confete, serpentinas e máscaras gigantes. Maria Conceição está pronta para a festa. “Vou levar fantasia e curtir muito”, promete.

Rede Crescer Conviver