Presente de aniversário
Gregório José
O mundo está tão mudado que às vezes preocupa. Há três anos, quando fiz aniversário, recebi o cumprimento e abraço 20 amigos, familiares e conhecidos. Até o prefeito me ligou parabenizando. Vereadores, juízes, advogados, jornalistas, parentes. Puxa! Foi tão bom aquele carinho, o calor humano, a presença, mais que o presente. Afinal, um aperto de mão e um abraço verdadeiro vale mais do que mil pacote embrulhado com “lembranças”.
Se eu fosse contar, naquele dia, quantos cumprimentos recebi, acho que seriam uns 25 a 30. Mas foram sinceros, verdadeiro.
Hoje, passados três anos daquela data, recebi mensagens de parabéns de 187 pessoas peloFacebook, 27 Mensagens pelo Celular; 25 ligações telefônicas, 49 e-mails. 17 abraços fraternos. Aumentou o número. Devia estar feliz. Afinal, tenho muitos amigos.
O problema é que me faz pensar. Os abraços diminuíram.
Sabe aquele calor fraterno que descrevi lá no começo? Pois é! Faltaram abraços, embora tenha aumentado meus contatos pela internet.
Olha, esta maquinização do mundo, este vício diário de ler e-mails’, replicar mensagens, copiar algo de bom, enviar outros ruins, rir de uma gafe, chorar de um drama, reenviar, reencaminhar, ficar curioso, postar, replicar, é um mundo sem fim, sem amor, sem calor.
Estamos caminhando para dias preocupantes no futuro. Estamos indo, como vacas para o matadouro, sem pensar, sem questionar, sem lutar. Amanhecemos pensando o que está em nossa caixa de e-mail, a mensagem que temos que encaminhar (e pra quem).
Este não era o presente que eu queria. O que eu queria, era olhar nos olhos de cada um, dar um abraço, um sorriso e contar uma piada, mesmo que sem graça. Ou ouvir uma. O que eu queria é ter a felicidade de dizer, obrigado por me lembrar que estou envelhecendo. Obrigado! Somente isto.
Jornalista e Radialista
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